Existe uma frase que ecoa como uma verdade: “Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade”. No entanto, essa definição é apenas o ponto de partida para uma reflexão mais profunda. A sorte, para mim, não é um acaso aleatório; é uma construção intencional, alicerçada em dedicação, aprendizado constante e coragem para enfrentar o desconhecido.
Minha sorte nasceu do estudo. Do esforço incansável em cursos, formações continuadas. Das horas dedicadas a livros, palestras e trocas que expandem não apenas o saber, mas a percepção do mundo. Nasceu também da construção de redes, de conexões humanas que vão além das afinidades imediatas, de aprender com quem vive de forma diferente, pensa diferente, e, ao incorporar esses novos olhares, me reinventar.
Mas essa sorte exige persistência. Frustração, para mim, não é o fim, mas um ponto de ajuste. Caí muitas vezes. E a cada queda, aprendi a levantar mais rápido, a ressignificar erros como parte do processo e a enxergar o fracasso como apenas mais um dado no grande mosaico dos resultados. A sorte, até aqui, em um equilíbrio delicado entre propósito e persistência.
No entanto, há uma sorte que ainda preciso conquistar. Uma sorte que, confesso, ainda me escapa: a sorte da pausa, da leveza, da calma. Cresci acreditando que o trabalho precisava ser pesado para ser válido, que grandes resultados só vinham acompanhados de grandes sacrifícios. Mas agora, em meio a um mundo exausto, vejo a necessidade de desaprender essa lógica.
Vivemos tempos em que os números da ansiedade, depressão e burnout são avassaladores. Não são apenas estatísticas; são espelhos que nos mostram a urgência de um novo jeito de viver e trabalhar. Eu mesma, tantas vezes, me encontrei no limite da exaustão, carregando pesos desnecessários por acreditar que eram sinônimos de valor.
Hoje, reconheço que sorte também é saber parar. É desconectar-se das telas, das cobranças, dos “tenho que”. É permitir-se uma pausa real, sem culpa, sem justificativa. Conectar-me comigo mesma, com o simples, com a natureza, com a respiração. Não para produzir mais, mas para simplesmente ser.
Porque acredito que um novo tipo de sucesso nasce desse espaço de calma. É quando as pausas alimentam a criatividade, a saúde, a energia. É onde o preparo e a oportunidade se encontram não como um embate de forças, mas como uma dança leve, onde cada movimento é fluido e regenerador.
Sorte, dedicação e pausa. Três palavras que, juntas, formam um caminho mais sustentável. Um manifesto para um novo jeito de viver e trabalhar, onde resultados não precisam pesar, e onde ser é tão importante quanto fazer.
É nessa busca que estou agora. Ainda aprendendo. Ainda tropeçando. Mas cada vez mais confiante de que o futuro exige um equilíbrio mais gentil, mais humano. Porque sorte, no fim, é isso: saber que, além de conquistar, também podemos respirar.
Autoria:
Renata Aranega
@whales.br