Estamos vivendo em um mundo em constante transformação. Neste mundo, as mudanças são mais que constantes, são inevitáveis. Diante delas, sentimo-nos muitas vezes impotentes, ansiosos, preocupados e inseguros. O medo é palavra-chave.
Para que possamos agir como protagonistas nestes processos de mudanças contínuas, o primeiro passo é o auto-acolhimento. Não adianta negar os sentimentos, reprimi-los ou sufocá-los. Precisamos identificá-los e acolhê-los com gentileza. O simples fato de falarmos em voz alta sobre o que nos causa temor, já é um primeiro passo para a expressão emocional, que é uma habilidade emocional desejável e necessária. Sabe aquela imagem de uma sombra que parece a de um leão, mas, em realidade, é a de um gatinho? Assim funcionam muitos de nossos medos, que podem parecer maiores do que realmente são. Falar sobre eles com alguém de confiança pode ser libertador; e acolhê-los em nós mesmos, transformador.
Um segundo passo é a reconexão com o(a) protagonista que já somos. Todos nós somos protagonistas, ao menos de nossas vidas. Ninguém pode viver a vida por ninguém. Neste caso, somos responsáveis e protagonistas de pelo menos uma história: a de nós mesmos. Recomendo que nós, protagonistas, relembremo-nos de nossas próprias histórias do passado relacionadas a mudanças que foram manejadas com sucesso. Ao nos recordarmos destas histórias, poderemos resgatar os sentimentos de coragem que também nos habitam. Sentimos muito medo de muitas coisas, mas também somos cheios de coragem. Somos medo e coragem, uma coisa E outra, não uma coisa OU outra. Embora tenhamos o hábito de julgar as situações de forma dual, precisamos começar a enxergar a realidade como ela é, integrando nossas partes. Isso significa integrar o medo e a coragem como parte do que somos, ainda que pareçam antagônicas entre si. Os seres humanos são contraditórios, em um único dia externalizamos inúmeras contradições, ainda que não estejamos plenamente conscientes disso.
Já falamos sobre o auto-acolhimento e a reconexão com o(a) protagonista que já somos. E qual seria o terceiro passo para atuar como protagonistas de mudanças?
Em minha opinião, o terceiro passo é desenvolver continuamente a inteligência emocional, mais especificamente a habilidade emocional relacionada à resiliência/ antifragilidade/ flexibilidade cognitiva. Se as mudanças são inevitáveis, serão mais bem sucedidas as pessoas capazes de lidar com elas a partir do exercício destas habilidades. O autor do livro “Antifrágil” ainda acrescenta: “O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor”. O convite é encararmos as mudanças como oportunidades de sermos melhores, saindo fortalecidos de cada desafio e adversidade que viermos a enfrentar em nossa jornada de vida e carreira. Trata-se de uma tarefa fácil? Certamente não. Mas de uma coisa eu tenho certeza: somos seres altamente capazes e adaptáveis; a história da humanidade tem nos mostrado isso.
Que possamos seguir em frente otimistas de que somos capazes de construir um novo mundo, diferente do que encontramos, nem sempre melhor ou pior, mas certamente diferente. Que nessa jornada, possamos nos lembrar de exercitar estes 3 passos:
1. O auto-acolhimento
2. A reconexão com o(a) protagonista que já somos
3. O exercício da inteligência emocional, com ênfase na resiliência/ antifragilidade/ flexibilidade cognitiva
Escrito por Renata Aranega
Data: 26/11/2022