Hoje não vamos falar sobre certo e errado. Não vamos dizer a ninguém como se deve fazer. Estamos todos cansados. Pede ajuda quem grita, pede ajuda quem cala, pede ajuda quem causa problemas, e
quem faz de tudo para não causar nenhum, por dentro, manda um pedido de socorro. A vida é bela e grande, mas viver está pesado. Quem não se cuida vai sentir a conta chegar logo mais. E cada vez mais cedo.
Cuidar de si também exige esforço, e muito mais na hora de começar. É como o trabalho: esforço e ganho. Às vezes, como um assalariado, 30 dias de trabalho para um dia de ganho, mas naquele dia, você sente que valeu a pena. Às vezes, estamos tão cansados que precisamos de ajuda química, medicamentosa, para poder sair da cama. E que assim seja: toma, levanta e vai. Até voltar a andar com as próprias pernas e não precisar mais.
A vida é breve, e todo mundo tem sua luta. Do bilionário ao palhaço, a felicidade é o bem mais caro do mundo e tem um preço para cada um. Uma música pode ajudar naquele dia mais triste, um pão de queijo quentinho, feijão feito na hora, um guaraná. Qualquer coisa que te leve para aquele lugar onde você se sente cuidado, que te dá fôlego e que te coloca de volta na marcha da vida, para continuar.
Sofre o pequeno, sofre o grande. É preciso ser grande para suportar o peso de ser exemplo, o peso de sustentar a ação e a palavra, o peso de prover, de bater o ponto, de marcar presença, de cumprir. E é preciso ser ainda maior para encontrar sentido e até prazer nisso, por dever, por não ver outro caminho senão o de ser o melhor que puder ser e ainda se tratar bem no caminho.
A você, chefe de família, de cozinha, de uma pequena ou grande empresa, dona de casa e/ou dona do próprio negócio, sabemos e vemos a sua dor, que nem sempre passa, nem sempre é vista ou pode ser compartilhada. A dor de fazer chegar o pão à mesa, de manter a luz e a água na sua casa e em muitas outras. Eu te vejo.
Àquele que se sente pequeno, impotente com a conta que venceu, saindo de casa antes do sol nascer e voltando só depois que ele se pôs, enquanto o mundo lá fora, e na tela do seu celular, diz que só ganhou na vida quem tem “K” ou “M” na conta bancária e no Instagram. Eu também te vejo e reconheço as suas lutas.
Todo mundo está cansado de ser forte o tempo inteiro. A sua dor mostra que você está vivo e é também um lembrete batendo à porta para sentir. Setembro é para lembrar que todo mundo sente, de mais de 7 bilhões de formas diferentes, e mesmo assim, ainda compartilhamos dores e alegrias universais. Olhar para o lado pode ser difícil quando o dia a dia vai nos engolindo, endurecendo.
Setembro, quando começa a primavera no nosso hemisfério, é para abrir, expor e treinar a sensibilidade. É o momento de partir da solidão para as solidariedades, porque olhar só para dentro ainda é o maior desperdício. É tempo de lembrarmos que o amor por si e pela vida é o mesmo e um só. Não estamos sós.
Busque ajuda se precisar e busque ajudar, da forma que alguém precisar.
Artigo escrito por Barbara Bonadia
10/09/2024