Percebo o quanto as pessoas sentem-se ansiosas e preocupadas com o presente e o futuro de suas vidas e carreiras. Vivem constantemente rodeadas por grandes interrogações tais como “Estou no caminho certo?”, “Estou pronto para novos desafios?”, “Devo sair da minha zona de conforto e fazer uma transição de vida ou carreira?”, “Vai dar certo?”, “Será que sou capaz?”, etc, etc, etc.
A ansiedade e insegurança são subprodutos comuns do mundo em que vivemos e, na minha opinião, estão alicerçadas no medo.
Vivemos com medo o tempo todo, ainda que não tenhamos consciência disso. Os medos são diversos, mas se manifestam em nossas vidas de diferentes maneiras.
Algumas pessoas não se arriscam em um novo empreendimento, ainda que tenham sonhado e se preparado a vida toda para ele. O medo de fracassar as paralisam!
Outras não “abrem mão” de seus empregos ou de relacionamentos tóxicos ainda que estejam extremamente infelizes. Neste caso, o medo de não serem incluídas ou aceitas em novos círculos de relacionamentos pode privá-las, justamente, de uma vida com mais inclusão e aceitação.
Os medos podem nos paralisar, mas também podem nos levar à ação.
Podemos usar nosso medo como um catalizador de objetivos pelos quais valham a pena lutar. Tudo é uma questão de acionar a coragem que também nos habita. A coragem nos permite agir apesar de qualquer medo que possa existir em nosso sistema.
Pare e pense: qual é o medo que tem me impedido de construir a vida e a carreira que desejo para mim?
- Medo de falhar/ fracassar?
- Medo de não ser aceito?
- Medo de ser excluído?
- Medo de ser rejeitado?
- Medo de não ser amado?
- Medo de não ser reconhecido?
- Medo de não ser competente?
- Medo de não dar conta?
A psicanálise explica que os nossos medos podem, muitas vezes, carregar consigo um desejo inconsciente da realização daquilo que se teme.
Um exemplo prático: ainda que você diga que deseja com todas as forças ser reconhecido, inconscientemente você pode estar criando para si justamente as condições propícias para não ser. Por isso, sugiro que você amplie o seu processo de autoinvestigação, observando seus padrões recorrentes de ação e inação. Busque observar o que tem se repetido. Observe quais medos estão ou estiveram no comando, quando estiveram e como eles te levaram a adotar escolhas não saudáveis ou não satisfatórias.
Se preferir, pare por um instante, reflita e anote:
– quando o medo me paralisou?
– quando o medo me levou à ação?
– quando o medo de algo parece ter me levado diretamente a este algo?
Eu mesma fiz este exercício antes de escrever este artigo e tive boas revelações sobre os meus padrões de medo, ação e inação.
Uma autoinvestigação cuidadosa e continuada é a única maneira de encararmos de frente os nossos medos, buscando recursos para agir e prosperar além deles.
Traga seus medos à superfície, chame-os pelo “nome” e olhe em seus “olhos”. Se queremos que os nossos medos não nos dirijam, o primeiro passo é reconhecê-los e encará-los de frente. Ao falar aberta e livremente sobre eles com alguém de confiança, ou com a gente mesmo, os medos tornar-se-ão menos “assombrosos”.
Por fim, gostaria de deixar uma provocação: você acha que todos os seus medos poderão desaparecer? O que você pensa sobre isso?
Eu, honestamente, não acredito que os medos desaparecerão. Afinal de contas, o medo também existe para nos proteger de situações realmente ameaçadoras. Não fosse o medo de um acidente (além das multas, claro) por que usaríamos o cinto de segurança ou respeitaríamos os limites de velocidade? O medo nos ajuda a nos proteger de situações potencialmente perigosas. O que acredito é que, a partir de um autoinvestigação profunda, poderemos descobrir quando devemos olhar para o medo como um mecanismo de autoproteção saudável e quando, ao contrário, devemos agir apesar dele, em busca de mais plenitude e felicidade.
Artigo escrito por Renata Aranega
Data: 27/08/2021